Bem-vindos a mais um podcast do Pluralidades. No encontro de hoje, a gente tem 3 pessoas muito queridas aqui. A Geiza, oi Geiza, seja bem-vinda. >> Oi Paula e demais convidadas aqui presentes. Eu sou Geiza, sou professora na Unicamp e na Puc Campinas. É um prazer estar com vocês. Agradeço pelo convite. >> O prazer é nosso Geiza. Estamos com outra professora aqui também, a Raquel. Seja bem-vinda Raquel. >> Obrigada. Oi Geiza, oi Paula. Então eu sou a Raquel e também sou professora na Unicamp. >> E a nossa terceira convidada, a Mônica, que também é professora. Seja bem-vinda Mônica. >> Olá Paula. Muito obrigada pelo convite. Olá às demais convidadas. Eu sou mestranda aqui no Instituto de Linguagens da Unicamp e também sou professora de Inglês. >> Muito obrigada pela presença das 3. Bom, vamos começar então pela Raquel. Se alguém de fora perguntasse para você de onde você é, como você responderia a essa pessoa? Responda para nós, de onde você é Raquel? >> Bom depende da pessoa, né? Porque se é uma pessoa que não é brasileira, a minha resposta sempre é: eu sou do Brasil. E agora se é um brasileiro eu, a minha resposta é: eu sou de São Paulo. E às vezes para um estrangeiro eu elaboro pouquinho mais, né? Eu sou brasileira de São Paulo. Então eu acho que sempre acabo fazendo a identificação com a cidade de São Paulo. >> E Raquel, você sempre morou na cidade de São Paulo? Atualmente você mora também lá? >> Bom, eu nasci em São Paulo, morei em São Paulo até completar 26 anos e quando eu tinha 26 anos eu fui para a Europa com uma bolsa de estudo e fiquei 1 ano fora, e quando eu voltei ao Brasil, em 90, fiquei em São Paulo mas já dando aula numa cidade bem longe, cidade de Assis, a uns 470 km. Fiquei 1 ano nesse vai e vem, vai e vem, até que em 91 mudei para essa cidade. E fiquei de 91 até final de 97 em Assis e em 98 eu me mudei para Campinas, onde eu morei até 2013, quando eu decidi voltar a São Paulo, onde eu moro atualmente. Então eu moro em São Paulo e trabalho em Campinas, a distância são 90 km. >> Certo e Raquel, só uma pergunta, quando você esteve morando nesses outros lugares, principalmente nesse que você passou passou bastante tempo, você se sentia em casa durante, esse período? Ou você toda a vez que perguntavam ainda onde, de onde você é, você também falava São Paulo? >> Eu sempre me senti fora de casa, tanto que, eu nunca transferi o meu título de eleitor. Eu sempre votei na cidade de São Paulo. Nunca entendi muito, não era muito prático isso, né, porque me obrigava a viajar para votar, mas hoje faz sentido porque casa para mim é São Paulo. >> Muito obrigada Raquel. Vamos ver agora com a Mônica. Mônica, pensando no seu caso, onde você mora atualmente? >> Atualmente eu moro em Barão Geral, Campinas. >> E você é da da, de Barão Geral, Campinas? >> Não, sou de Amparo, é Interior de São Paulo. >> E quando alguém te pergunta, você responde o quê, Mônica? Se falar assim: de onde você é Mônica? Você responde que você é de Amparo ou de Campinas? >> É interessante, pensando no que a Raquel também falou, depende da pessoa. Geralmente, eu falo... Por exemplo, para os meus alunos eu falo, eu sou Amparo Interior, né? Primeiramente, eu falo Interior e depois eu falo Amparo. Aí, se é alguém, por exemplo, de outro estado, quando estou em outro estado, eu falo, eu sou de Campinas. Nessa última viagem que a gente fez para Salvador, eu falei que eu era de Campinas. É interessante porque eu fiquei pensando assim, eu sou ou eu venho de? Né? Venho de ou eu sou? Fiquei pensando nisso assim depois que você lançou a pergunta, né? E, mas pensando na questão da casa, né, eu gosto muito de Amparo, os meus pais ainda moram lá, mas eu não sei se eu chamo ainda lá de casa porque não tem nenhum ... nenhum dos meus amigos ainda está lá, como todos, como é uma cidade pequena e ... não tem faculdade, não tem muitas perspectivas de outras coisas assim, eles, ninguém mais está lá, então quando eu vou lá eu não me sinto assim, eu sinto, é uma cidade que eu tenho um carinho muito grande, mas não é a minha casa. Para mim a minha casa é onde eu conheço as pessoas. Para mim isso é muito importante, conhecer as pessoas que estão redor. Então, tanto que Barão também está ficando pouco assim para mim. Que muitos dos meus amigos da minha graduação também estão indo embora, né, apesar que a gente sempre faz amigos novos, mas aqueles amigos que estiveram na origem, quando eu cheguei aqui, não estão, então eu estou tendo esse esse estranhamento, digamos assim. >> Geiza, fala um pouco pra gente sobre de onde você é, onde é a sua casa, onde você mora agora. De onde você é Geiza? >> Bom, a primeira coisa quando se pergunta de onde você é, eu falo eu sou Pernambucana. Eu sempre volto a essa minha origem. Para falar eu sou Pernambucana, as pessoas perguntam mas de Recife? Não, não de Recife. Sou de uma cidade do Interior, que fica no Sertão de Pernambuco. Mas ela fica ainda muito presente na minha vida. Então mesmo tendo saído de lá desde, eh, desde do ano 2000 que eu não moro mais em Pernambuco, final do ano 2000, 2001, início, mas eu não consigo me ver como não sendo o meu lar e a minha casa. Moro hoje em Campinas e quando eu olho assim, eu sinto dificuldade, ainda não consigo falar que esse é o meu lugar. Eu moro, mas eu vivo aqui em Campinas mas não sinto como sendo o meu lugar. As minhas raízes, os amigos, a família, embora eu já tenha construído amigos aqui em Campinas, mas o que é forte, pensar em casa, eu penso naquele lugar. Aqui é o lugar em que eu vivo mas não é o que eu me sinta como de "pertença". Agora eu estou passando momento bem difícil, assim, mexida, porque estão rejeitando a minha identidade, em termos do tempo, né? Eu precisei aqui para a Unicamp, eles falaram assim: "Mas faz muito tempo que você tirou esta identidade, esta foto não corresponde mais ao momento. Você precisa de uma identidade nova". Fui renovar o meu passaporte e exigiram também a identidade e aí a identidade eu estou tirando como Estado de São Paulo, então está sendo muito sofrido, porque agora eu tenho que tirar um documento com uma identidade, eu falei assim, mas eu não vou continuar lá. Não, agora você vai ter um número diferente. Como agora eu vou mudar o número da minha identidade que eu tenho desde os 17 anos, né? >> Nossa... >> Então fica difícil, vai mexendo com as coisas das raízes, por isso estou me distanciando muito daquilo de onde eu venho, não é?