[MÚSICA] Olá pessoal, estamos aqui para mais um vídeo do curso e hoje a gente vai falar de UX, user experience, ou experiência do usuário e eu trouxe a Ana, que é uma especialista no assunto. A Ana já estuda e já trabalha com experiência do usuário há 17 anos. Ela é formada multimídia digital então, nada mais justo do que trazer um especialista sobre o assunto. Então, Ana, eu queria começar perguntando para você o que é que é UX? Da onde veio isso? >> O que é UX? As pessoas falam bastante de UX, na verdade, experiência de uso como se fosse uma responsabilidade de um profissional só. A gente tem o UX designer, que é a pessoa que entende pouco mais do que que é a experiência de uso, entende dos processos, os valores, mas, na verdade, a experiência de uso, ela permeia toda uma organização, toda uma empresa, toda uma startup. Então, cada ponto de contato que a gente tem, seja alguém ligando e atendendo, ou seja mesmo o desenvolvedor enquanto ele está lá criando, desenvolvendo o aplicativo, ele tem que pensar na experiência de uso, porque a gente está fazendo aquilo para alguém conseguir usar. Então, o UX designer, ele é uma pessoa que pensa, que entende um pouco dos métodos, dos processos, mas a experiência de uso é todo o ponto de contato que o seu usuário ou o seu cliente ou uma pessoa, ela tem com a sua solução. >> Tá, e esses pontos de contatos são vários, desde da cara do aplicativo, como o contato com o suporte técnico. >> Exatamente. >> Enfim, o cara liga e a mensagem de voz que tem na URA telefônica faz parte do contato com o usuário. Então, não precisa ter uma pessoa especialista dentro da empresa nessa parte de experiência do usuário? >> Seria interessante se pudesse ter, claro, mas a gente entende que isso também aumenta a relação de custo, porque uma pessoa especialista nisso é uma pessoa que vai estar sempre focada nisso, que vai fazer pesquisas, que vai ter um tempo dedicado para isso, mas não. A gente não precisa necessariamente ter, desde que todas as pessoas na empresa, todas as pessoas que tenham contato com as outras pessoas, que a gente pode chamar de cliente ou de usuário, mas que são pessoas, tenham a ciência da importância de se oferecer uma boa experiência e que estejam focadas nisso. >> Tá, e qual seriam as áreas de, dentro da [INCOMPREENSÍVEL] é o que tem áreas diferentes de, uma empresa grande você tem pessoas para cada uma dessas áreas de UX, mas numa empresa pequena, a gente não tem muito esse luxo, numa startup, de ter um especialista cada área. Quais seriam essas sub-áreas e o que é que cada tem de conhecimento específico? >> Tá, é isso, como eu estava te falando, que a experiência de uso, ela é uma coisa que ela envolve várias áreas, o UX designer também é um profissional que ele é multidisciplinar. Então, algumas empresas, empresas maiores, elas conseguem dividir para que as pessoas fiquem especializadas em cada ponto. Então, por exemplo, a gente tem um arquiteto de informação, que é aquele que vai pensar como que a informação está sendo dividida, categorizada, como que as pessoas vão buscar, a gente tem um designer de interação, que é aquele que vai pensar como que as pessoas vão interagir mesmo com a sua solução. A gente tem até uma área, um guarda-chuva aí que a gente chama de UX writer, que é aquele que vai escrever todo o conteúdo para que a pessoa que estaja lendo, tenha uma boa experiência enquanto está lendo também. E tem o visual designer, que é o mais conhecido, que é a pessoa que pensa na comunicação visual com relação a cores, a formas, e que acaba também sendo uma parte, grande parte responsável pela experiência de uso. >> Então, imagine que eu tenho uma, eu estou desenvolvendo um produto, uma startup e eu quero me especializar, eu quero estudar um pouco UX para, pelo menos ter os conceitos básicos e poder aplicar esses conhecimentos para fazer o meu produto ser mais interessante para o usuário. Quais são os conhecimentos mínimos que eu preciso desenvolver para isso? >> Tá, é que tem uma coisa que eu queria falar e eu não sei se ela entra na sua, porque ela, não necessariamente responde. Por que que um product manager, por que é importante um product manager entender também de experiência de usuário? Product manager, ele vai trabalhar não só com processo, olhando o produto, mas ele vai trabalhar com algumas métricas que são super importantes para o produto, por exemplo, atração, retenção e para que ele consiga trabalhar essas métricas, ele precisa ter conhecimento para quem que ele está fazendo isso, quem que é a pessoa, quem que é o usuário que ele está fazendo isso para que ele consiga aumentar o índice dele de atração, ou de retenção ou de qualquer que seja a métrica que ele decidiu trabalhar ou que a empresa decidiu trabalhar que é importante para o produto. Então, para PM, é muito importante é muito importante ele ter alguns conhecimentos de UX, seja tendo alguém para apoiar ele ou seja ele mesmo desenvolvendo conhecimento, principalmente de como é que eu vou conhecer as pessoas e tirar alguns insumos que são importantes para mim para que eu consiga trabalhar nessas métricas de produto que são necessárias. Então, por exemplo, como é que eu faço uma proposição de valor para o meu produto para que ele seja atraente o suficiente, para que as pessoas façam download do meu aplicativo, por exemplo, para que elas comecem a usar? Então, ele precisa ter alguns conhecimentos relacionados a UX research, que é uma área de pesquisa do usuário. Então, eu vou entender o meu usuário. O que é que é importante para ele? Qual a necessidade que ele tem? O que é que eu preciso trabalhar? E como que eu vou oferecer isso para ele para que eu consiga planejar, eu como PM consiga planejar um bom produto que ele se sinta atraído, que ele queira usar, que ele queira trabalhar. >> Que momento do processo de desenvolvimento, então eu sou gerente de produto, eu quero, algum momento, aplicar os conceitos de UX no desenvolvimento. Que momento que é, no ciclo de desenvolvimento do produto que o UX vem? É no começo? É no fim? É durante? >> É, eu acredito que assim, a gente tem uma etapa anterior, sempre, ao desenvolvimento que é muito importante que seria a etapa de imersão, que é quando você vai realmente entender quem ele é, para que que eu estou fazendo. Só que o UX, ele permeia todo o processo. Então, desde a concepção, que é antes, você tem que começar a pensar na experiência e enquanto você está desenvolvendo, é normal que aconteça algum retorno com relação à interface, por exemplo: " essa interação não está legal". Então, se você tiver sempre focado oferecer um bom produto, produto que as pessoas se sintam atraídas, interessadas, que eu imagino que geralmente seja o objetivo, durante todo o desenvolvimento você vai fazer com que seja processo contínuo: " beleza. Agora eu vou parar e eu vou testar isso aqui que eu fiz para ver como é que está. Puts, eu tenho que melhorar nisso aqui". E aí você volta para a prancheta, volta para a interação, para poder projetar de novo, desenha a interface e entra no processo de desenvolvimento de novo. >> Tá, então, na verdade, não existe projeto grande que você faz antes e depois você simplesmente executa. É processo muito mais interativo, onde você faz uma, talvez um plano inicial, você faz uma execução numa versão e aí você mede o resultado dessa interação através das métricas que você escolheu. E aí depois você vê o que funcionou e o que não funcionou e você replaneja os pedaços, do que funcionou mantém, do que não funcionou você refaz. Seria mais ou menos isso? >> Exatamente, ele é uma processo contínuo até porque a gente está lidando num contexto de mercado, de pessoas e de tecnologia também que as coisas estão mudando muito rápido. Então, fica muito difícil a gente parar para planejar, e aí depois desenvolver e aí depois não pensar mais nisso. Então, a gente tem que estar sempre observação do que é que está mudando, o que é que está mudando de tecnologia, o que é que está mudando com relação ao usuário para que eu consiga adaptar e melhorar cada vez mais a experiência de uso do meu produto, da minha solução. >> Qual que é a parte que você mais vê as pessoas errando UX nas empresas? >> A parte que eu vejo elas mais errando seria elas acreditarem que elas conhecem para quem que elas estão desenvolvendo. Vejo muito isso acontecer assim. >> Ou seja, o desenvolvedor ou o CEO, o dono da startup sabe tudo do cliente. Então ele não precisa falar com o cliente. Ele simplesmente vai lá e desenvolve o produto e aí depois vai ver e não era nada disso que o cliente queria. >> Exatamente. A gente escuta muito assim, faço até meio piadinha disso, que as pessoas falam assim, ' não, acredita mim, confia em mim. Eu conheço meu usuário. Não quer dizer que você não conheça, mas tem algumas coisas que são intrínsecas nossas, que são vieses que a gente tem. Então a gente precisa se preparar, a gente precisa planejar, a gente precisa realmente estar sempre colocando em dúvida tudo aquilo que a gente conhece do nosso usuário. Primeiro porque ele pode estar mudando, como como a gente já comentou. E segundo porque a nossa percepção também pode mudar muito. Assim como ele muda a gente muda. Então às vezes a gente faz algumas interpretações que não necessariamente é aquilo que o usuário estava querendo dizer. E se a gente se abre para uma visão de, 'Okay, vou ouvir agora o meu usuário como iniciante, como se eu não conhecesse nada', a gente sempre tem alguma surpresa com relação aquilo que ele está tentando nos dizer. Não diretamente, necessariamente, mas mesmo indiretamente. >> E você acha que com o tempo o meu conhecimento sobre o meu usuário, ele pode chegar ponto onde eu não preciso mais falar com ele? >> Não. A não ser que você seja o seu usuário. Aí você se conhece e às vezes nem assim se conhece o suficiente. >> Você acha então que sempre eu vou ter que continuar falando com o usuário? >> Sempre você tem que falar com o usuário. Não necessariamente você precisa fazer isso com um esforço muito grande. Então digamos assim, quando você vai começar a desenvolver, você vai ter uma parte que você vai parar e vai focar bastante dos seus esforços entendendo bastante várias coisas e depois é mais fazer disso uma rotina. Então é importante que você sempre pare, sei lá, uma vez por semana eu vou parar aqui e vou ouvir meu usuário. Não quer dizer que você vai parar o seu desenvolvimento para fazer algum estudo, alguma coisa com relação aquilo. Mas estar sempre se atualizando, sempre ouvindo, até porque isso faz parte da experiência também. Os usuários, eles gostam de ser ouvidos. Às vezes a gente acha que não, ' se eu colocar formulário, se eu ligar ninguém vai querer falar comigo'. Não. As pessoas elas querem ajudar. Se elas estão usando o seu produto é porque elas estão engajadas; Então elas querem ajudar, elas querem falar e ser ouvido é muito rico tanto para usuário, para ele se sentir satisfeito dele estar te ajudando e para você, porque você tá desenhando para ele e ele está dizendo que faz. Não tem forma melhor de você acertar. >> Se eu quiser buscar mais conhecimento, para buscar mais conhecimento sobre o UX, onde que eu posso pesquisar? >> Tem muita fonte de informação na internet, tem alguns sites que eu gosto bastante, que é a maioria em inglês tá, que é interaction-design.org. Ele tem vários cursos que dá para você fazer também e são cursos muito bons. Você paga uma anuidade lá e faz tantos cursos quanto você quiser. Tem que é o uie.com, que é User Interface Engineer, se não me engano. E também, claro o clássico do Norman Nielsen Group, NNG, que é, digamos, o pai da disciplina, os pais, na verdade eles são três, que começaram a estudar pouco mais, a trazer pouco mais de texto. >> Quem são os pais? >> O Jakob Nielsen, o Don Norman e o Bruce Tognazzini. Eles têm vários livros também, dá para consultar várias coisas, várias informações deles também. >> Tem como fazer produto sem o UX? >> Não. Na verdade não tem como você fazer produto sem o UX. Na verdade se você não pensar nela, ela vai acontecer de qualquer forma. A experiência de uso ela pode ser boa, pode ser ruim. O que você pode fazer é você se preparar e esperar que ela seja boa. Mas se você não pensar nela, ela vai existir. a experiência de uso vai existir. >> Pode dar sorte e funcionar também? >> Pode. Se você quiser contar com isso você pode tentar contar com a sorte. Mas vou te garantir que seus concorrentes estão pensando nisso e se você for contar com a sorte, eles como estão planejando e isso é muito muito possível que eles estejam na sua frente. Uma coisa também muito muito importante para se visualizar com relação ao UX, a experiência de uso, é que a experiência de uso, ela não é com relação a um aplicativo, a uma interface propriamente dita. Ela é experiência global. Então você tem que sempre começar a pensar a experiência sem pensar no seu canal, ou na sua plataforma. O que que você quer propor com o seu produto? O que que você espera da experiência? E pensar que aquela interface, ela é realmente só uma interface. Ela é só uma forma para que as pessoas consigam aquilo. Então você pensar assim, 'Eu quero um aplicativo', e aí eu vou pensar na experiência de uso desse aplicativo, você já começa errado. Você tem que pensar, 'Eu quero propor uma experiência que seja agradável, que as pessoas consigam economizar tempo de fila, por exemplo, na minha loja'. >> Ou seja, óbvio que todo mundo quer uma experiência agradável, vamos dizer assim. Mas pelo o que você falou a gente precisa entender quais são as prioridades. Não seria isso? >> Isso. >> Porque dentro do UX, dentro da experiência do usuário tem que escolher as prioridades. Porque não dá para você fazer tudo. Não, tem que ser lindo, tem que ser agradável, tem que ser fácil, tem que ser isso e aquilo. E assim, não dá para fazer tudo. Você tem que definir quais seriam as prioridades para aquele tipo de produto você está fazendo. >> Exatamente. E ele está muito atrelado à sua necessidade. Então por exemplo, quando quando fala para mim, ' eu quero que a experiência seja boa e para isso, na verdade, eu quero que as pessoas economizem tempo no trânsito', por exemplo. Só que eu posso eu posso eu posso fornecer meios dela economizar tempo no trânsito de N formas e não necessariamente aplicativo, ou alguma outra coisa. >> Ou seja, você tem que ter muito claro qual é a missão na empresa, o que que você está entregando de valor para o usuário. >> Exatamente. >> Uma coisa mais introspectiva de saber qual o verdadeiro valor que você está entregando para o seu cliente. >> Exatamente. E aí fica muito caro qual é o valor do seu produto, qual é o objetivo do seu produto. Então, ' o meu produto, ele vai trabalhar numa oportunidade para que ele consiga economizar tempo através disso. Ou ele consiga ter uma boa experiência no trânsito através de Y'. E aí sim eu vou conseguir começar entrar nos detalhes de. 'Okay. Então que funcionalidade que eu vou colocar, como é que vai ser a distribuição das informações na minha interface, quais cores que eu vou usar, quais paletas de cores que eu vou usar'. Porque imagina como se fosse um iceberg. Então se a gente começar a trabalhar lá na parte de cima, nas partes que eu estou visualizando da interface, as cores, os componentes, tem toda aquela parte do objetivo embaixo do meu produto que pode não estar bem trabalhada. E aí não adianta, eu posso fazer uma super de uma interface, mas que ela não responde a uma necessidade do usuário e portanto, eu não vou ter uma boa experiência de uso. >> Tem uma questão que eu acho engraçada, que geralmente a gente usa no português User Experience, a gente fala experiência do usuário, e você usa experiência de uso. Tem alguma razão para isso? >> Tem uma razão. Eu procuro não pensar as pessoas para qual eu estou desenvolvendo como usuários, até porque quando elas estão usando a minha solução, o meu produto, que aí seria o usuário, elas não se transformam em alguma outra coisa, elas são pessoas. E tudo aquilo que ela traz junto com ela é importante para a experiência dela no papel dela enquanto usuário. Então é muito importante você pensar nela como uma pessoa. E na experiência dela enquanto pessoa usando alguma coisa e não no papel de usuário. Ela não deixou de ser pessoa, ela não vai deixar de ter alguém ali buzinando no ouvido dela, falando, ' Fulano, fala comigo. Você está só no celular'. Não. Ela ainda é uma pessoa que está lá interagindo, ou está fazendo alguma outra coisa e não necessariamente sendo só seu usuário. Então por isso eu prefiro utilizar o termo experiência de uso, do que experiência do usuário. >> Pessoal, então esse foi o módulo sobre a experiência do usuário do nosso curso e nos encontramos agora no próximo módulo que vai falar sobre operações. Obrigado Ana. >> Obrigada você. >> Obrigado pela presença. E agora é só seguir os links embaixo, os livros, várias coisas aí para vocês saberem mais sobre o UX. Valeu e até a próxima. [MÚSICA]